Investir em criptomoedas é confiável? Confira dicas para não cair em golpes

(Design: Clara Almeida/Mercatus)

(Design: Clara Almeida/Mercatus)

Caso de fraude envolvendo jogadores de futebol no Brasil alerta investidores em criptomoedas.

Nas últimas semanas, um suposto golpe envolvendo investimentos em criptomoedas repercutiu no Brasil.

O caso envolve os jogadores de futebol Gustavo Scarpa e Mayke, que teriam investido milhões em criptomoedas. O investimento veio após a recomendação de outro jogador, Willian Bigode, que atuava com os atletas no Palmeiras.

Scarpa, que fez a denúncia, afirma ter investido R$ 6,3 milhões junto a empresa Xland Holding, que tem parceria com a WLCJ Consultoria, empresa de Bigode. A promessa era de ganhos de até 5% ao mês.

O jogador que teria sofrido o golpe mandou um email para a Xland, solicitando a rescisão do contrato, no dia 19 de agosto de 2022. Alguns dias depois, no dia 15 de setembro, a empresa deu retorno, aceitando a rescisão, se comprometendo a pagar R$ 5,36 milhões até 26 de outubro.

O acordo não foi cumprido, e Scarpa foi informado pela gestora financeira que o pagamento não seria realizado, já que uma terceira empresa, a FTX, não teria liberado o valor. No dia 5 de novembro, o jogador entrou em sua conta na Xland e viu que a mesma estava zerada.

A Mercatus conversou com João Ramalho, Mentor de Expansão Mercadológica e Internacionalização do programa Mentoring Team, do SENAI/SECTI/FAPEAL e entusiasta do mercado de criptomoedas, para tirar dúvidas sobre o assunto.

É confiável investir em criptomoedas?

De acordo com Ramalho, este é um investimento que deve ser realizado por quem conhece e entende bem o produto. Além disso, ele recomenda contar com uma assessoria de confiança.

“Trata-se de um mercado pouco regulado e com uma barreira de entrada significativa relativa à complexidade das operações, além de serem ativos com grande volatilidade”, frisa.

Para quem não entende o suficiente do mercado e ainda assim deseja fazer investimentos, João Ramalho recomenda investir nesses ativos por meios tradicionais. Por exemplo: ETFs (fundos de investimento que espelham algum índice) listados na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), que é um ecossistema mais regulado.

“E conte sempre com um assessor de investimentos que tenha uma visão da sua carteira de investimentos como um todo, que saiba dimensionar a proporção Risco x Retorno de forma apropriada e que saiba indicar o quanto – ou se – você deve alocar algum recurso em investimentos mais agressivos”, aconselha.

(Foto: Art Rachen/Unsplash)
(Foto: Art Rachen/Unsplash)

Como saber se o investimento se trata de um golpe?

Algumas características nas ofertas podem ser importantes para identificar se o investimento se trata de um golpe.

Segundo Ramalho, alguns fatores deixam indícios claros de fraude, como altas promessas de retorno, assim como aconteceu no caso dos jogadores, em que a empresa garantia ganhos mensais de 5%.

“É importante entender que promessas de retorno ‘garantidas’ são impossíveis e provavelmente denotam alguma má intenção. Também é importante não confiar em ofertas que prometam retornos decorrentes de alavancagem, robôs de trading e outras categorias de operações de extremo risco que não tenham transparência. Se parece bom demais para ser verdade é porque provavelmente é”, destaca.

João diz ainda que, muitos dos golpes recentes usam criptomoedas como “pano de fundo” de um esquema de pirâmide tradicional.

“O investimento nos criptoativos em si nem chegam a acontecer. É somente a escolha narrativa que vai dar sustento a uma promessa de retorno enganosa que dá base à pirâmide. Desconfie quando o investimento depende da transferência de recurso para a conta de terceiros”, alerta Ramalho.

Sobre o golpe envolvendo os jogadores, João Ramalho diz que não é possível afirmar que o prejuízo foi por conta de uma promessa do tipo.

“Exatamente por não ter transparência nenhuma em relação à alocação dos recursos em esquemas de pirâmide no geral, é impossível validar se o prejuízo do caso Scarpa seria decorrente da quebra de alguma Exchange (corretora) ou só um discurso de oportunidade para concretização de um golpe”, avalia.

(Foto: Traxer/Unsplash)
(Foto: Traxer/Unsplash)

Caí em um golpe. O que devo fazer?

Por não ter regulamentação própria no mercado, a investigação envolvendo supostas fraudes pode ser mais complicada. Isso porque os dados propagados são criptografados, e as moedas têm circulação mundial.

Em casos de golpes envolvendo criptomoedas, é recomendado recorrer a uma delegacia da Polícia Civil para registrar o boletim de ocorrência.

Para isso, é importante juntar e-mails de comunicação com o suposto fraudador, conta fornecida para a transferência dos valores e conversas.

“Imprima esse material e procure a delegacia. Vamos registrar a ocorrência e verificar se foi uma pirâmide financeira, se havia risco ou se efetivamente foi um golpe”, diz a delegada Suirá Paim, da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos e Defraudações de Sergipe.

Também é importante que os próprios investidores pesquisem sobre as empresas antes de fazer qualquer investimento, para não cair em golpes. Uma forma de identificar se a empresa é confiável é por meio do registro.

Recentemente, por exemplo, a ABCripto (Associação Brasileira de Criptoeconomia) lançou um selo para certificar a integridade e segurança das empresas e exchanges de criptomoedas com atuação no Brasil.

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