Apesar da expectativa em relação ao retorno total das atividades pós-pandemia, a economia apresentou, em 2022, episódios que surpreenderam e afetaram o bolso dos brasileiros e dos alagoanos.
O valor elevado dos combustíveis e o preço alto dos imóveis em Maceió são alguns exemplos. As eleições também trouxeram volatilidade no mercado financeiro, dando incerteza sobre alguns aspectos para os brasileiros.
Mas, mesmo com o poder de compra do brasileiro reduzido, alguns setores apresentaram bons resultados durante o ano. Em Alagoas, o turismo foi um deles, com a alta procura pelo destino para férias, feriados, e até turismo de negócios e eventos.
Confira abaixo uma retrospectiva da Mercatus dos principais acontecimentos na economia durante o ano:
Mercatus lança indicador econômico no setor têxtil
O ano começou com o lançamento do Índice de Confiança do Empresário do Setor Têxtil e Confecções de Pernambuco (ICETEC), feito pela Mercatus, em parceria com o Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco (NTCPE), e com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. O ramo é um dos principais do estado.
A publicação é mensal, e pode ser acessada no site do NTCPE. O ICETEC mostra indicadores relevantes para empresários do setor, além de fomentar a discussão de políticas públicas e empresariais que impulsionem os resultados do ramo têxtil e de confecções. Os resultados do ICETEC podem ser utilizados para que os empresários planejem reposição de estoque, contratação e novos investimentos, por exemplo.
Selic atinge maior patamar em quase 6 anos
Em agosto de 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,75% a.a. Este foi o 12º aumento seguido do indicador, o maior patamar desde novembro de 2016, quando chegou a 14% ao ano.
O Copom ainda avaliou a possibilidade de haver um novo aumento. O motivo seria o ambiente externo estar adverso e volátil, “com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado”.
Apesar de ter avaliado um novo aumento, a taxa permaneceu nos 13,75% a.a. Na reunião, o Copom fez, ainda, projeções da inflação até 2024. No cenário de referência para a taxa de juros, com a taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,30 e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), a taxa de juros termina 2022 em 13,75% a.a., sendo reduzida para 11% em 2023 e 8% em 2024.
A projeção da inflação ficou assim:
- 6,8% para 2022
- 4,6% para 2023
- 2,7% para 2024
Indícios de crimes envolvendo o Pix aumentam
Consolidado como um dos meios de pagamento mais utilizado entre os brasileiros, o Pix ganhou mais espaço em 2022. Com isso, a modalidade também passou a ser usada em golpes.
De janeiro a junho de 2022, o Banco Central (BC) registrou 739.145 indícios de crimes envolvendo o Pix. O número é 2.818% maior que o registrado no mesmo período de 2021, quando atingiu 25.330 casos.
Apesar da alta, o BC afirma que os números não são comparáveis já que o cenário mudou bastante durante o período. A instituição também afirma que não é possível saber quais tentativas, de fato, são crime, nem classificar os tipos, já que os números refletem apenas as suspeitas de fraudes reportadas pelos bancos.
O crescimento nos indícios de crimes utilizando a forma de pagamento também se devem pelo surgimento de quadrilhas especializadas na modalidade, além de roubos de celulares desbloqueados que contém aplicativos de contas bancárias. Alguns golpistas tentam, ainda, entrar em contato pelo WhatsApp fingindo ser um familiar precisando de dinheiro com urgência para obter quantias pelo Pix.
Aumento do combustível assusta brasileiros
Com aumentos seguidos no preço dos combustíveis, o brasileiro sentiu a diferença no bolso ao abastecer o carro na primeira metade do ano. Em algumas cidades, a gasolina poderia ser encontrada a quase R$ 9/litro. Em outubro, após 15 semanas em queda, o preço da gasolina voltou a subir. O álcool, diesel e gás de cozinha também sofreram aumento.
Em junho, o valor médio da gasolina, registrado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) era de R$ 7,39. No mês seguinte, uma queda significativa no preço foi registrada, dando início a quedas semanais nos preços, antes das eleições.
O presidente Jair Bolsonaro teria editado uma medida provisória que desonerava tributos, o que teria contribuído para a queda nos preços dos combustíveis.
Destino Alagoas é um dos mais procurados durante o ano
Durante o ano, Alagoas foi um dos destinos mais buscados por turistas para férias e feriados. Na Black Friday, a Decolar divulgou um ranking em que Maceió aparece como o 5º lugar mais procurado do Brasil, e o 4º mais buscado da região Nordeste. Na comparação com destinos internacionais, a capital alagoana dividiu o 5º lugar com Miami.
Além da preferência como destino para descanso, o turismo de negócios e eventos também foi bastante movimentado em Alagoas durante 2022. O estado recebeu 68 eventos neste ano, o que gerou um impacto econômico de cerca de R$ 140 milhões, de acordo com a Sedetur.
Alagoas conta com o selo de turismo seguro Safe Travels da WTTC (World Travel & Tourism Council), entidade de turismo internacional que reconhece destinos ao redor do mundo que tenham colocado em prática protocolos sanitários em padrão mundial. Além disso, o estado tem mais de 2.300 empreendimentos turísticos com o selo do Turismo Responsável do Ministério do Turismo.
As duas certificações levam em conta a prática de condutas que trazem segurança para turistas, trabalhadores e moradores das regiões.
Maioria dos moradores diz que indenização da Braskem não é suficiente
A Mercatus e o escritório de investment banking SG Capital lançaram em conjunto, em dezembro, o estudo “Mercado Imobiliário em Alagoas: Cenário e Oportunidades para 2023”, evidenciando os impactos causados pela extração de sal-gema feita pela Braskem. A ação gerou afundamentos em vários bairros da capital, que precisaram ser evacuados.
A pesquisa apontou que, para a maioria dos moradores afetados (45%), o valor da indenização pago pela petroquímica é insuficiente para a compra de um novo imóvel. Isso se deve ao choque de oferta Braskem, que afetou o mercado imobiliário de Maceió.
O economista e coordenador da pesquisa, Manoel de Arruda, explica que os preços dos imóveis na capital estão elevados pela oferta, que foi ficando mais restrita.
“Seja restringindo a quantidade de imóveis ofertados, porque esses imóveis deixaram de poder ser utilizados, seja pelo aporte de dinheiro das compensações. Como [a Braskem] colocou mais dinheiro na capital, mais dinheiro nesse mercado, os preços se elevaram”, explica.
O estudo também revelou que a maior parte dos moradores que precisaram deixar suas casas nos bairros afetados permaneceram em bairros próximos, com a maioria indo para o Barro Duro (26%). Já em relação a pretensão de onde morar, a maior parte (30%) prefere o bairro do Farol.
Nos últimos 12 meses, Maceió registrou o maior aumento de preço de imóveis entre as capitais do Nordeste, de acordo com o Índice FipeZap.
Os resultados do estudo poderão servir para construtores e investidores do setor imobiliário terem noção de como está o mercado em Maceió antes de fazer orçamentos ou investimentos para 2023.
