Especialista comenta as expectativas para mercado financeiro, investimentos e outros.
O ano de 2023 chega em menos de um mês e, com ele, um novo presidente para o Brasil, Lula (PT), e o novo mandato do governador reeleito no estado de Alagoas, Paulo Dantas (MDB).
Na corrida eleitoral, ambos os candidatos eleitos trocaram apoio – cenário diferente do anterior, uma vez que o atual presidente, Jair Bolsonaro, fazia oposição à candidatura de Dantas.
No âmbito econômico, o economista Pedro Neves pontua que o alinhamento entre o governador e o presidente durante a campanha pode indicar futuros investimentos públicos federais e transferências da União que possam beneficiar o estado alagoano.
“A gente já viu isso em outras épocas, em outras gestões de Lula em que houve relevantes investimentos públicos no estado de Alagoas e isso contribuiu para alguns indicadores. Então é muito provável que isso ocorra. Talvez já no primeiro semestre de 2023 isso comece a ocorrer”, comenta o especialista.
De todo modo, Neves não despreza o fato de que o país vive um momento de incerteza, que a depender do comportamento do futuro governo federal, poderá impactar no desempenho econômico e nos investimentos de Alagoas.

“As incertezas hoje estão um pouco mais elevadas no país, mas se comparado ao resto do mundo que vive o início de uma recessão, a gente segue mais estável. O que agora vai determinar ou não essa estabilidade é quais serão os próximos passos do governo”, acredita.
Para o economista, é importante ficar atento à política fiscal que será seguida pela nova equipe econômica, observando qual será a âncora fiscal que vai substituir o teto dos gastos.
“Será que vai ser um governo mais gastador e que se endivida? É que isso vai dizer se passaremos por mais turbulência ou se vamos ficar mais estáveis”, complementa Pedro.
Expectativas para o mercado financeiro
Quando se trata de mercado financeiro local e regional, o economista enfatiza que os impactos políticos podem surgir no médio e longo prazo, especialmente nos setores da construção civil e do mercado imobiliário, a depender do ritmo de investimentos públicos feitos pelo governo estadual.
“Então, se for um governo que de imediato já consiga fazer investimentos em infraestrutura e saneamento, como já vinha sendo em alguns momentos do governo Calheiros, a gente pode ter um resultado positivo no curto, médio e também no longo prazo”, observa.
Para falar de balança comercial em Alagoas, o momento também é precoce, pois além das mudanças internas do estado e do país, o cenário internacional interfere diretamente na forma como as outras nações importam e exportam seus produtos.
“Boa parte das exportações de Alagoas são de commodities especificamente no mercado sucro açucareiro. E aí depende também de questões internacionais de como é que vão estar os preços dessas commodities, como é que vai estar o mercado nesse sentido”, explica Pedro.
Recomendações para investidores
Além da política, a recessão econômica internacional é um fator a ser analisado ainda na área de investimentos, seja no que tange às grandes empresas do mercado, seja para os pequenos investidores do país.
“Diante de um uma recessão, principalmente nos Estados Unidos, que é a maior economia do mundo, a gente deve ter um menor fluxo de capital estrangeiro no curto prazo. A não ser que o Brasil consiga despontar muito do restante do mundo mostrando bons indicadores, uma boa política e talvez atraia investidores”, diz o economista.
“Mas eu diria que a tendência é mais a gente perder esse fluxo de capital estrangeiro, não só por questões internas do país, mas pelo momento internacional de recessão”, afirma.

Considerando esse cenário de retração econômica, Pedro aconselha que no primeiro momento os investidores tenham cautela, optando por investimentos conservadores, pós-fixados, visando obter lucro com a atual taxa de juros alta, que está em 13,75% ao ano, e favorece a alocação desse tipo de investimento.
“Na medida que for havendo mais clareza aí pode fazer um rebalanceamento com investimento também em renda variável, fundos de mercado, previdência privada e também em câmbio”, recomenda.