Selic tem novo aumento e chega a 13,75%, com maior patamar em quase seis anos

(Foto: Tierra Malorca/Unsplash)

Alta da taxa básica de juros foi de 0,5%; desde o ano passado, foram 12 altas seguidas.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 13,75% a.a., por unanimidade, em reunião na última quarta-feira (3). O aumento foi o 12º seguido, desde o ano passado. O número é o maior atingido desde novembro de 2016, quando chegou a 14% ao ano.

Ainda durante a reunião, o Comitê avaliou a necessidade de um novo aumento de menor magnitude na próxima reunião. De acordo com o comunicado divulgado na quarta, um dos motivos do aumento se deve ao ambiente externo estar adverso e volátil, “com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado”.

Entre os fatores de risco de alta para o cenário inflacionário, estão: uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.

Já sobre os riscos de baixa, o Comitê ressalta uma possível reversão, mesmo sendo parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local, e uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada.

“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado.

Ainda de acordo com o Copom, a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes pode acentuar os riscos de alta na inflação. Por outro lado, observa que o aumento do risco de desaceleração da economia global também pode acentuar os riscos de baixa.

Projeções de inflação até 2024

O Comitê, segundo o comunicado, preferiu dar ênfase à inflação acumulada em doze meses no primeiro trimestre de 2024, refletindo o horizonte relevante e suavizando os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, porém incorporando seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária.

No cenário de referência para a taxa de juros, com a taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,30 e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), a taxa de juros termina 2022 em 13,75% a.a., sendo reduzida para 11% em 2023 e 8% em 2024.

Supõe-se, ainda, que o preço do petróleo siga, aproximadamente, a curva futura pelos próximos seis meses, passando a aumentar 2% ao ano no futuro, além de adotar a hipótese de bandeira tarifária amarela nos meses de dezembro dos três anos.

Neste cenário, as projeções de inflação do Copom são de:

  • 6,8% para 2022
  • 4,6% para 2023
  • 2,7% para 2024

Essas projeções para a inflação de preços administrados são de -1,3% para 2022, 8,4% para 2023 e 3,6% para 2024. Em relação aos próximos seis trimestres, mesmo suavizando o efeito ano-calendário e incorporando os impactos secundários das medidas tributárias que incidem entre o ano de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, a projeção de inflação acumulada em doze meses fica em 3,5%.

Diante das projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, o Copom considera ser apropriado que o ciclo de aperto monetário continue em avanço significativo, e enfatiza que irá manter “em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.


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