Se você investe em renda variável já deve ter se deparado com aquela ação ou fundo imobiliário na sua carteira que começa a despencar, desvalorizando cada vez mais, ao ponto em que você passa a não acreditar mais nas razões que te levaram a comprar esse ativo para começo de conversa.
Irritado com a performance pífia desse investimento, você, muito provavelmente, decide ‘esquecer’ que ele existe, ao menos até que ele apresente algum sinal de recuperação, valorizando um pouco ou ao menos retornando ao preço que você o comprou.
Já passou por algo assim? Pois deixa eu te explicar porque isso é uma péssima ideia:
Na prática, a decisão por ‘segurar’ esse investimento até que ele apresente algum sinal de melhora não apresenta nenhum embasamento teórico, sendo puramente um problema psicológico com base em nosso ‘orgulho’ ou, em outras palavras, nossa ‘aversão à perda’, um dos principais vieses comportamentais em finanças.
Nosso sofrimento em decorrência de um investimento ruim tende a ser muito maior do que nossa satisfação a um ganho em proporções semelhantes em um bom investimento.
É exatamente essa aversão em ‘admitir a derrota’ que nos faz manter investimentos ‘perdedores’ em nossa carteira por mais tempo do que deveríamos, ou pior, dobrar ou triplicar a posição nesses ativos, numa tentativa quase que desesperada de ‘empatar’ as perdas registradas até então.
Mas então, o que devemos fazer se um dos nossos investimentos apresentar perdas enormes, e não acreditarmos mais nessa aplicação?
A resposta é simples, mas muito mais difícil de executar na prática do que parece: venda imediatamente.
Se você não acredita mais na tese que te levou a escolher aquele ativo no momento da compra, independente do tamanho do prejuízo, muito provavelmente você terá melhores resultados caso se desfaça dessas aplicações e invista o mesmo valor em ‘bons’ ativos, os quais você ainda acredita na performance e capacidade de entregar os resultados que espera.
Exemplo: imagine que você aplicou R$ 10 mil em um investimento que performou mal, e hoje sua posição está avaliada em R$ 8 mil, registrando assim uma performance negativa, e você não acredita mais na tese desse investimento. Em termos simples, qual ativo chegará a R$ 10 mil primeiro? Um investimento de R$ 8 mil aplicado em um ativo RUIM, ou um investimento de R$ 8 mil aplicado num ativo BOM?
A tendência é que seja o investimento BOM. Por isso, não faz sentido insistir em ‘segurar’ um investimento ruim, uma vez que você só está satisfazendo ao seu próprio ego. Se você ficar esperando o ativo RUIM chegar a R$ 10 mil novamente para poder vender, é muito provável que:
1. Daqui que o ativo RUIM chegue aos R$ 10 mil novamente, o ativo BOM estaria em R$ 12 mil, e você perdeu toda essa valorização por ficar esperando;
2. Ou pior, o ativo RUIM pode continuar caindo, passando a R$ 6 mil ou algo similar, até você finalmente desistir de vez desse investimento, tendo, assim, um prejuízo muito maior do que quando você já tinha tomado a decisão de que fez um investimento ruim.
Como disse, é certo que falar é muito mais fácil do que fazer, afinal estamos falando de situações que envolvem o nosso subconsciente. É por isso que é tão importante terceirizar esse tipo de decisão a um profissional qualificado para assessorar seu patrimônio.
Ele estará livre de qualquer viés comportamental que você costuma ter com seu próprio dinheiro e, com certeza, te auxiliará a escapar dessas armadilhas mentais. Como sempre digo aos meus clientes: para seus investimentos prosperarem, o seu dinheiro não pode ter ego, partido político ou religião.
Arthur Stuart é sócio-fundador do Grupo SG, Assessor de Investimentos certificado pela ANCORD e Correspondente Cambial, atuando no mercado financeiro desde 2019.