Volta às aulas: em Maceió, preço do caderno escolar subiu 21% no último ano

(Foto; Maíra Sobral/Mercatus)

Especialista explica que aumento é causado pela alta no preço das commodities.

Depois de quase dois anos de pandemia, com aulas remotas ou em formato híbrido, as escolas poderão finalmente começar um novo ano letivo presencial. E o que é motivo de alívio por um lado, por outro traz um peso a mais para o bolso das famílias.

Segundo uma pesquisa recente do Procon realizada nas principais papelarias do centro e em um shopping de Maceió, este ano, o preço do caderno pode variar de R$ 11,50 a R$ 74,90, dependendo da marca e da quantidade de matérias.

No ano passado, o menor preço encontrado pela pesquisa do Procon foi de R$ 9,90 para um caderno de 10 matérias, enquanto o mais caro, de 20 matérias, esteve na casa dos R$ 61,90.

Com isso, de um ano para o outro, houve um aumento de 21% no custo dos cadernos, um dos itens mais importantes para os estudantes.

Luana Ferreira tem um filho de oito anos matriculado na rede particular de ensino e conta que, além de não ter tido uma boa experiência com as aulas híbridas também não conseguiu reaproveitar nenhum item do material escolar do ano passado.

Isso porque, materiais menos utilizados enquanto a criança estudava em casa, como resmas de papel, agenda e outros itens complementares, acabaram sendo gastos praticamente por completo durante os dias presenciais.

Por isso, apesar de comemorar o retorno às escolas, Luana levou um choque ao ver os novos preços dos materiais.

“Está um absurdo, tudo muito caro. A escola tem pedido as mesmas coisas de sempre, mas o preço do material escolar deu uma aumentada. Cadernos, principalmente, estão muito caros”, reclamou Luana.

(Foto: Maíra Sobral/Mercatus)

Aumento no custo de produção

A gerente Miriam, da papelaria PH, localizada no Centro de Maceió, confirma que, embora os clientes que realizaram pesquisa em outros estabelecimentos tenham retornado para fazer as compras na sua loja, o custo dos produtos realmente subiu mais do que o esperado.

“Devido à pandemia, tudo aumentou um pouco, a mão de obra ficou mais cara para as fábricas, então a gente está comprando mais caro. Por isso teve um aumento em várias coisas”, conta.

O economista Pedro Neves explica que produtos como cadernos e papelão ainda estão sendo afetados pelo crescimento no preço das commodities, como a celulose, ocorrido nos últimos meses. Portanto, o custo de produção desses itens segue encarecido.

“O Brasil é um grande produtor e exportador [de celulose], contudo o mercado consumidor interno tem sido afetado devido à variação cambial e desequilíbrio na oferta e demanda internacional”, evidencia o economista.

Entretanto, para as papelarias, isso não parece estar sendo um problema.

Com a loja muito mais cheia do que no ano anterior, Miriam conta que a movimentação dos clientes este ano já tem compensado as vendas perdidas em 2021, quando a incerteza do retorno presencial afetava também as compras dos pais e estudantes.

“Esse ano todo tipo de material está vendendo bastante, a lista completa pedida pelas escolas. Mas a procura está grande por mochilas e cadernos. Já que no ano passado muita gente não comprou mochilas, por exemplo, porque tinha tudo que não foi utilizado desde 2020”, comenta Miriam.

Como economizar

Sobre a grande diferença de valores de um mesmo tipo de produto, Pedro revela que mais do que a marca e a qualidade do material, os consumidores precisam estar atentos a outros fatores para entender a precificação.

“Algumas livrarias e lojas têm maior barganha com fornecedores e acabam possuindo maior margem sobre os preços. E isso é uma vantagem na hora de oferecer produtos com desconto ou com preços melhores”, observa Pedro.

Além disso, o consumidor que deseja economizar na hora das compras precisa escolher bem qual tipo de estabelecimento será visitado. Isso pois, a localização da loja, entre outros custos estratégicos também influenciam no custo final dos itens comercializados.

“Em geral, shoppings e lojas em regiões valorizadas tendem a ter uma estrutura de custos maior e uma demanda de clientes de maior poder aquisitivo. Consequentemente, podem ter preços maiores. Uma boa dica é pesquisar em lojas atacadistas ou distribuidores. Em geral, eles possuem preços mais competitivos”, aconselha o economista.

A pesquisa atualizada do Procon Alagoas, que também inclui itens como borrachas, canetas, resmas e outros itens da lista exigida pelas escolas, pode ser conferida clicando aqui.


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Estagiária de jornalismo

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