Abordamos em post anterior o cenário atual de descontrole inflacionário no mundo, suas possíveis causas e o que devemos fazer com nossos investimentos financeiros.
Tratamos do que está a nosso alcance para nos proteger da alta generalizada nos preços, pois não temos, claro, o poder de controlar a inflação de toda uma economia. Existe, porém, uma autarquia federal incumbida dessa missão: o Banco Central do Brasil (BC).
Desde 1999, com o fim da política de câmbio fixo e instituição do tripé macroeconômico, temos no Brasil o regime de metas de inflação como balizador da nossa política monetária. Armínio Fraga, então presidente do BC, resumiu a nova diretriz da seguinte forma:
“Nós estamos dizendo para taxa de câmbio: ‘você toma conta do balanço de pagamentos’ e para taxa de juros: ‘você toma conta da inflação’. Agora, nada disso funciona sem uma boa política fiscal.”
Desta maneira, para atingir a meta de inflação, medida pelo IPCA, o BC utiliza como principal instrumento a taxa básica de juros da economia, a SELIC.
A relação destas duas variáveis, juro básico e inflação é o que chamamos de juro real e seu comportamento tem impacto direto na atividade econômica e, claro, no orçamento das famílias.

Pela primeira vez em nossa história, observamos juro real negativo, quando a curva laranja (inflação 12 meses projetada) ultrapassa a curva azul (juro básico). Mas, a necessidade do aperto monetário promovido em seguida pelo BC fez com que o Brasil voltasse rapidamente ao topo da lista de países com os maiores juros reais mundo.
Esse movimento significa, por um lado, aperto para empresas e consumidores. E, por outro lado, a volta de um prêmio pelo risco mais adequado para os investimentos em renda fixa no Brasil.
Guilherme Lages é economista, especialista em Finanças, Investimentos e Banking (PUC-RS) e tem MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje, atua como assessor de investimentos, trazendo segurança patrimonial para famílias através de um trabalho especializado no planejamento financeiro e diversificação global dos investimentos.