Por que você não deve tentar prever em quais ações investir em 2022

(Foto: Patricia Monteiro/Bloomberg)

Prática comum no fim de ano pode atrapalhar planejamento financeiro de longo prazo.

É comum, nessa época do ano, que surjam diversas previsões de investimentos para o ano novo, com objetivo de tentar antever uma tendência em ativos que gerem lucros expressivos.

“Onde investir em 2022” e “Melhores investimentos para 2022” são algumas das principais chamadas para atrair leitores.

Hoje sabemos que quem apostou em ações estrangeiras e aquelas ligadas à exportação este ano, provavelmente, obteve bons retornos. Mas será que é possível prever a próxima “mina de ouro”?

Essa é uma prática que, na verdade, pode gerar riscos para o seu planejamento financeiro. Para o assessor de investimentos Guilherme Lages, há previsões de indicadores do mercado que é preciso levar em consideração na hora de investir, como juros, inflação e emprego, por exemplo. Mas a lógica não é a mesma quando se fala de bolsa de valores.

(Foto: Micaelle Morais/Mercatus)
Guilherme Lages não recomenda ao investidor tentar prever grandes movimentos do mercado (Foto: Micaelle Morais/Mercatus)

A seguir, confira a entrevista completa com o especialista sobre esse tema:

Por que você não recomenda buscar previsões de investimento para o ano novo?

Guilherme Lages: Os analistas costumam utilizar alguns modelos e premissas para estimar projeções para o Ibovespa do ano seguinte. As mais comuns são a análise de múltiplos com P/L (preço sobre lucro) e a realização de valuations para cada uma das empresas que constituem o índice.

Essas métricas buscam estimar o quão distantes estão o preço atual de seu respectivo valor justo ou a distância do múltiplo atual para o histórico.

O fato é que tais assimetrias são inerentes do mercado e não se observa uma convergência de preço – valor dentro de um ou dois anos, mas sim em décadas.

É por essa razão que a maior parte das previsões sempre falham. Se você quiser extrair algo de útil, as utilize para conhecer as expectativas dos agentes do mercado, não só para a bolsa, mas para juros, câmbio, nível de emprego, inflação etc.

Nunca utilize para montar sua carteira ou tentar acertar o investimento do ano.

Na sua experiência com o mercado financeiro, geralmente, essas previsões se concretizam?

Guilherme Lages: Sim, algumas se concretizam por uma mera relação probabilística. São centenas de instituições financeiras ou milhares de “especialistas” produzindo e publicando seus palpites para 2022, algum deles irá acertar e teremos mais um novo guru do mercado.

Qual deve ser o foco, então, dos investidores ao pensar em ativos para 2022?

Guilherme Lages: Atente-se aos fundamentos, busque uma reserva de segurança e planeje sua aposentadoria. Não foque em tentar prever grandes movimentos do mercado e sim em evitar grandes erros.


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diretora de Conteúdo.

Mais notícias para você