HMAR deverá ter maior escala de acesso à capital, afirma especialista em M&A.
Após meses de negociações, a Rede D’or oficializou, na última quarta-feira (3), a compra de 100% do Hospital Memorial Arthur Ramos (HMAR), localizado em Maceió, por R$ 371,8 milhões.
Segundo fato relevante de transação emitido pela compradora, do valor negociado, ainda será deduzido o endividamento líquido do hospital que, com a aquisição, passa a ser de responsabilidade da Rede D’or.
Além disso, conforme o comunicado da empresa, a previsão de EBITDA — sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — para o Hospital Arthur Ramos é de R$ 39 milhões para os próximos 12 meses após o fechamento da venda.
Esse valor considera uma avaliação do quanto a empresa pode gerar de caixa levando em conta somente suas atividades operacionais — e neste caso, com incorporação da parte das sinergias geradas pela Rede D’or.
O que muda para o hospital
Para o assessor de M&A João Jucá, os ganhos de sinergia que a Rede D’or poderá trazer para a unidade hospitalar estão no sentido de eficiência operacional e maior poder de barganha com as operadoras de saúde, como a Unimed.
Além disso, Jucá explica que, em conjunto com a Rede D’or, o Hospital Arthur Ramos terá outra escala de acesso à capital, já contando com alguma estrutura imobiliária para uma futura expansão do hospital.
Portanto, para os usuários dos serviços de saúde do HMAR, o assessor acredita que não deve haver preocupação com a qualidade do atendimento oferecido.
“Algumas pessoas se preocupam com a diminuição da qualidade dos serviços de saúde após hospitais locais serem adquiridos por grupos maiores, devido a uma forte política de contenção de custos que alguns desses grupos adotam. Creio que esse não seja o perfil dessa transação”, destaca Jucá.
A operação ainda deve ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), contudo, o processo não deve apresentar nenhum impedimento para a conclusão da compra, segundo avalia o assessor.
“Nessas operações de saúde, o Cade tem sido mais restritivo quanto aos atos de concentração devido à natureza do serviço prestado. Mas a Rede D’or parece estar lidando bem com o regulador e as operações dela têm passado pelo crivo do órgão”, pontua.