Exportações crescem no país; entenda o cenário para o mercado alagoano

(Foto: Scott Goodwill/Unsplash)

Economista aponta necessidade de diversificar produtos exportados pelo estado.

Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na segunda semana de outubro, a balança comercial brasileira teve um superávit de US$1,102 bilhão. Isso significa que o valor de exportação realizado pelo país superou em mais de um bilhão de dólares o valor de importações.

Mas, embora os números sejam promissores a nível nacional, o estado de Alagoas registrou déficits consideráveis quando analisados os números de importação e exportação do último mês divulgado pela Secex, setembro de 2021.

Isso porque o valor despendido com importações, que ficou na casa dos US$63.611.365, superou o rendimento das exportações, cerca de US$12.341.664, realizadas no mesmo período do ano.

De acordo com a economista Nathalia Araújo, o fato de não haver uma diversificação no setor industrial — visto que o principal produto de exportação de Alagoas é o açúcar — faz com que o estado necessite de um número maior de produtos importados.

Crescimento pós-pandemia

Apesar disso, a economista aponta que há possibilidade de um fechamento positivo no mês de outubro. “Considerando comparativamente o resultado de 2021 e 2020, as exportações apresentaram um crescimento significativo, ainda que incipiente dado o cenário atual”, destaca Nathalia.

Fonte: Ministério da Economia

Esse crescimento das exportações em Alagoas está relacionado a uma série de fatores ligados à economia brasileira, como um menor ritmo de atividade interna em razão da pandemia de Covid-19, associado à uma desvalorização do câmbio e aumento nos preços das commodities — isto é, produtos primários, como milho, trigo e café.

Houve também uma melhora na cotação do açúcar no mercado internacional, tendo em vista a menor oferta de demais países, o que consequentemente teve um efeito positivo nas exportações brasileiras e alagoanas.

Queda nas importações em Alagoas

Já a queda recente nos números de importação, quando comparados os resultados de setembro de 2021 e setembro 2019 — anos que foram intercalados pela grande baixa provocada pela pandemia —, pode ter sido implicada pela desvalorização do real frente ao dólar. 

“É uma redução de aproximadamente 17% no nível de importação, reforçados pela queda na renda média dos brasileiros e fracos níveis de atividade econômica”, enfatiza.

Entretanto, a economista indica que existe uma alta na importação de produtos manufaturados, revelando mais uma necessidade do país quanto à baixa diversificação de produtos que, posteriormente, são utilizados para fabricação de outros bens.

Benefício para a exportação

Ao mesmo tempo, para o mercado exportador, esse resultado da baixa do real pode beneficiar a produção brasileira, possibilitando uma recuperação do setor, uma vez que os produtos se tornam mais baratos para compradores externos.

“O mercado internacional vê nessa adoção de política cambial de desvalorização, uma oportunidade para o mercado brasileiro, o que inclui o Nordeste e o estado de Alagoas, de aumentar o volume de exportações”, explica a economista.

De todo modo, Nathalia reforça que a balança comercial alagoana precisa de novas medidas que estimulem a produção de bens diversificados. Para ela, o investimento em infraestrutura tecnológica, agrícola e social é uma forma de conseguir resultados positivos para o setor a longo prazo.

“Ainda que o estado possua vantagens comparativas históricas nesse setor, a dependência de produtos manufaturados torna o país dependente de produtos de maior valor agregado vindos de outros países”, sugere Nathalia.


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Estagiária de jornalismo

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