Mesmo em expansão, alternativa já apresenta resultados positivos para empresários.
Com a falta de chuvas e a crise econômica que vem afetando o Brasil no último ano, a energia hidrelétrica – principal alternativa utilizada no país – está cada vez mais cara e insuficiente para abastecer o território nacional.
Contudo, uma opção que tem se mostrado em crescimento potencial para empresários é a energia fotovoltaica, também chamada de energia solar. Segundo pesquisa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2020, o uso de energia solar em Alagoas cresceu cerca de 150%, se comparado a 2019.
“O crescimento na utilização de energia solar fotovoltaica que o estado de Alagoas apresentou em 2020 ficou até mesmo acima da média nacional, o que representa um grande avanço para o estado”, avalia o analista de competitividade e desenvolvimento do Sebrae Alagoas, Harisson Freitas.
Apesar do avanço, Alagoas ainda ocupa o 22º lugar no Ranking de Geração Distribuída de Energia no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), representando apenas 0,9% do total do país.
“É evidente, então, que o estado ainda pode explorar de forma substancial a geração de energia solar fotovoltaica, dado o privilégio de incidência de raios solares por longos períodos no território”, completa o analista.
Uma experiência que deu certo
Um exemplo de que a energia solar pode ser economicamente viável para o campo dos negócios é o da padaria Pão da Arte, localizada no bairro Serraria, em Maceió. Por lá, o estabelecimento já conta com energia fotovoltaica desde dezembro de 2019.
Clodoaldo Nascimento, proprietário da padaria, afirma que a energia solar tem sido útil para o seu negócio. “A experiência está sendo ótima, tanto que já instalei na minha casa e estou em negociação para ampliar o meu sistema”.
Para o empresário, implantando essa modalidade de energia renovável, os empreendimentos podem obter uma economia tão significativa que pode ser utilizada como um investimento no próprio estabelecimento.
“Conseguindo zerar a conta [de energia] ou diminuir 50%, você reduz o custo operacional e, além disso, a captação do sol passa a ser um negócio. Você economiza R$ 5 mil por mês que pagaria à empresa de energia e que acaba retornando para a empresa”, exemplifica o empresário.
Instalações e custos facilitados
Embora ainda existam entraves que dificultem o armazenamento e distribuição da energia fotovoltaica no estado, Nascimento relata que a facilidade de instalação das placas solares é uma vantagem que deve ser levada em conta pelos empresários na tomada de decisão.
“Caso você esteja em um prédio alugado, para a instalação só precisa saber se o telhado comporta o peso dessas placas. E tanto é fácil instalar, quanto retirar. Se por acaso terminar o contrato, você retira essas placas ou até mesmo vende”, esclarece o dono da padaria.
Clodoaldo também conta que o financiamento por linha de crédito — seja concedido por uma instituição pública ou privada — para compra e instalação da estrutura de energia solar é um investimento que vale a pena ser feito, visto que retorna para o bolso do empresário em um curto prazo.
O que esperar para o futuro
Atualmente, diversos bancos oferecem linhas de crédito para financiar a instalação de energia solar em pequenos e micro empreendimentos, ao passo que a popularização da tecnologia está favorecendo o crescimento desse setor.
Contudo, apenas esses fatores não são suficientes para que todos os negócios façam a adesão de um sistema renovável de abastecimento elétrico.
Para o analista do Sebrae, Harisson Freitas, ainda é necessário que essa alternativa tenha um regulamento legal para dar maior segurança aos consumidores que realizarão esse investimento.
“Com o Projeto de Lei Nº 5829/19, conhecido como o Marco Legal da Geração Distribuída de Energia, aprovado na Câmara dos Deputados e que tramitará no Senado Federal, a expectativa é que o setor conquiste cada vez mais segurança jurídica, o que trará uma série de benefícios para os consumidores e para as empresas responsáveis para instalação destes sistemas”, defende Freitas.
Enquanto a regulamentação não chega, Clodoaldo aconselha que os empresários e empreendedores que tiverem interesse em aderir à energia fotovoltaica fiquem alertas na escolha dos profissionais e empresas que contratarão para o serviço.
“O empreendedor tem que ter muito cuidado com a empresa que vai fechar essa parceria, para não ficar na mão por conta de aventureiros. Tem empresa que não trabalha em conformidade e deixa muito a desejar nas instalações, então tem que ter bastante confiança na empresa que vai prestar esse serviço”, alerta.
Harisson também ressalta que os empresários devem fazer uma análise, com profissionais, quanto à atual eficiência energética da empresa antes de concretizar a mudança de matriz energética no estabelecimento. Dessa forma, é possível eliminar os desperdícios de energia já existentes e otimizar o consumo elétrico do negócio.