Após 1 ano e 4 meses de pandemia, espaço reabriu com contas em dia e sistema de projeção atualizado.
Os cinemas foram um dos segmentos mais afetados durante a pandemia. Por conta do decreto estadual, as salas alagoanas ficaram fechadas por mais de um ano.
Se para as grandes redes foi difícil manter o negócio vivo durante o fechamento do comércio, para os centros de arte com programação alternativa o desafio se mostrou ainda maior.
Em Maceió, o Centro Cultural Arte Pajuçara apostou em diversas estratégias para obter receita, mesmo sem atividades presenciais por 1 ano e 4 meses, e foi um dos negócios que conseguiu se manter durante a pandemia.
Para driblar os prejuízos causados pela falta de movimento no local, o centro precisou se reinventar. Com o apoio do público, patrocinadores, e projetos de incentivo à cultura, o espaço reabriu no último mês de julho, após a liberação dos cinemas em Alagoas.
Estratégias
O diretor de programação do Arte Pajuçara, Marcos Sampaio, conta que foi preciso utilizar a criatividade para realizar campanhas enquanto as portas estavam fechadas.
“Não foi um período muito fácil para mantermos funcionando o Centro Cultural Arte Pajuçara. Tivemos campanhas de venda antecipada de ingressos, para utilizar o ingresso na reabertura, o que nos fez gerar recursos para pagar alguns dos serviços que eram necessários para o local. Também tivemos algumas negociações com fornecedores, e além disso também tivemos a oportunidade de, durante dois meses, funcionar com o drive in”, conta.
Durante o período em que estiveram fechados, o Arte Pajuçara também realizou atividades online, através do projeto Cinema Virtual, uma plataforma desenvolvida em parceria com redes de cinemas para assistir a filmes em casa.
“Fizemos uma ampla campanha de divulgação, as pessoas acessavam esse serviço de streaming, e ao acessar e escolher seu filme, indicava o Cine Arte Pajuçara como sendo a sua sala predileta. Com isso, tivemos uma parcela de recursos advindas desse site”, explica o diretor.
O centro cultural também foi contemplado pela lei de apoio à cultura, Aldir Blanc, e com um edital da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Diversificando as fontes de receita
O centro é comandado por uma associação sem fins lucrativos, a Associação Cultural Arte Pajuçara, que capta os recursos necessários para que o local continue funcionando.
De acordo com Marcos Sampaio, apesar do público e da locação do centro serem fundamentais para o funcionamento do espaço, esses serviços não são suficientes para arcar com todas as despesas.
“Nós também captamos recursos através de patrocínios, algumas empresas e instituições anunciam antes do filme, e nos pagam em forma de publicidade. Uma outra fonte tem sido através de emendas parlamentares”, salienta o diretor.

Com a diversificação das fontes de receita durante a pandemia, foi possível não só bancar os custos do centro (como aluguel, impostos, energia e folha de pagamento), mas também realizar a manutenção do espaço e atualizar o sistema de projeção.
“É através das emendas, apoios publicitários e do nosso público, que hoje nós podemos ter um espaço com o foco que tem o Centro Cultural Arte Pajuçara, voltado para a cultura local, cultura brasileira, filmes estrangeiros, mas totalmente fora do circuito comercial”, avalia.
Desafios e planos futuros
Por não fazerem parte de uma grande rede de cinemas, o maior desafio do Centro Cultural Arte Pajuçara gira em torno do funcionamento do espaço.
Para o diretor, essa situação estimula a equipe a usar a criatividade para criar eventos e mostras culturais.
“O nosso interesse é de abrir espaço cada vez mais para a produção alagoana, seja de cinema, seja de teatro, seja musical. Queremos cada vez mais estimular e nos tornar um polo de referência de todas essas atividades culturais tão necessárias para a cidade de Maceió”, destaca Sampaio.
Retorno das atividades presenciais
Ainda que não seja permitido lotar locais como antes, Marcos Sampaio avalia que o retorno às atividades presenciais contou com uma média de público razoável, dentro da realidade ainda imposta pela pandemia.
O diretor acredita que, com o avanço da campanha de vacinação, as pessoas se sentirão mais seguras em sair de casa e frequentar o cinema, e destaca que a presença do público é fundamental para que o espaço continue funcionando.
“Do ponto de vista do espaço físico, até com essa modernização que vamos ter da sala, eu diria que o centro cultural está preparado para esses novos tempos, e esperamos que o público, ao se sentir seguro, compareça mais ao Centro Cultural Arte Pajuçara”, conclui Sampaio.