Quanto vale a sua empresa?

(Foto: Charles Deluvio/Unsplash)

É muito comum encontrarmos notícias nos jornais sobre a valorização percentual de empresas na bolsa de valores em determinado dia, ou algum valor estratosférico que uma corporação pagou para adquirir outra em um M&A.

Para os pequenos e médios empresários, essas discussões podem parecer um pouco distantes e gerar a curiosidade: “quanto será que está valendo a minha empresa?”

Por desconhecimento das ferramentas corretas de determinação de valor de um negócio, muitos empreendedores já realizaram transações com preços irrealistas.

Sendo assim, é importante salientar que o valor de um negócio não é determinado pelo valor das suas máquinas, equipamentos, prédios ou qualquer outro patrimônio físico pertencente pela empresa e que estão presentes nos demonstrativos da sua contabilidade.

Na verdade, o valor de um ativo econômico, como uma empresa, surge da sua capacidade de gerar fluxos de caixa para seus proprietários.

Uma empresa que não seja capaz de gerar fluxos de caixa e retorno para seus acionistas não possuirá valor como um negócio, mesmo que possua vastas propriedades imobiliárias e físicas. 

Nesse sentido, no decorrer da história do desenvolvimento empresarial e dos fundamentos das finanças corporativas, surge o campo de estudo da valuation, trazendo a solução para o mercado de um modelo que fosse justo e técnico para avaliação de empresas.

Como é calculada a valuation

Duas técnicas se destacam como as mais aplicadas no mundo das fusões & aquisições: o fluxo de caixa descontado e os múltiplos.

A primeira é reconhecida como a mais robusta tecnicamente e parte do conceito previamente comentado do ativo econômico como um gerador de fluxos de caixa.

Dessa maneira, o analista financeiro projeta o potencial futuro de geração de caixa da firma e traz esse valor para o presente através de uma taxa de desconto fundamentada no risco do negócio.

Ou seja, as expectativas de retorno futuro e o risco de não realização desse futuro são determinantes para o valor que uma empresa é negociada para investidores e compradores.

Assim, é comum que startups e empresas de tecnologia que ainda não realizaram lucros possuam avaliações multimilionárias no mercado.

No entanto, a narrativa do futuro da empresa precisa estar sustentada por fundamentos financeiros e números realistas, impondo limites matemáticos e lógicos ao otimismo dos empresários.

Foto: (IMAA Institute. Adaptação: SG Capital)
Foto: (IMAA Institute. Adaptação: SG Capital)

Já a análise de múltiplos atua como um complemento importante da avaliação do fluxo de caixa descontado.

Os múltiplos levam em consideração os preços praticados no mercado na avaliação de outras empresas que sejam relativamente parecidas ou comparáveis com o negócio que está sendo analisado.

Por exemplo: você possui um provedor de internet e seu assessor financeiro descobre que outros provedores da sua região foram comprados por um preço médio de 4,7 EBTIDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ou por R$ 2.000,00 por número de cliente-usuário. Esses dados podem servir de referência para fundamentar a avaliação do seu próprio negócio.

Dessa forma, os múltiplos são uma forma simples e de fácil compreensão do valor do negócio. Por outro lado, são facilmente manipuláveis e podem ser usados incorretamente em muitas negociações que buscam acelerar o processo com uma “conta de padeiro”.

Por essa razão é recomendado que, pelo menos, os dois principais modelos de valuation sejam utilizados no momento de avaliação de uma empresa para uma estimativa mais segura.

Por último, na minha experiência atuando com Investment Banking, cabe apontar três razões que se destacam na realização de uma valuation para um negócio:

1) Valuation para realização de uma operação de fusão & aquisição entre empresas;

2) Valuation para fundamentar o percentual de participação a ser negociado na entrada de um novo investidor no negócio;

3) Valuation como ferramenta de gestão e de criação de valor para o acionista.

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Marcelo de Arruda é administrador e economista. Pós-Graduado em Finanças, Investimento e Banking (PUC-RS). Carreira construída no mercado financeiro atuando como executivo em assessoria de investimentos, gestão de portfólio e fusões & aquisições (M&A). É o CEO e sócio-fundador do Grupo SG, que atua com negócios nas áreas de finanças, mídia, alimentação e imobiliário. Também possui três trabalhos acadêmicos em finanças reconhecidos nacionalmente em premiações realizadas por Sefaz-AL (2017), Universidade Mackenzie e IMB (2018) e CFA Society Brazil (2019).

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