Construir um patrimônio, um conjunto de ativos que seja capaz de gerar receita recorrente suficiente para cobrir determinado padrão de vida, pode parecer um objetivo distante e difícil de ser alcançado.
Não é incomum encontrarmos pessoas que conseguiram ter sucesso em suas atividades, mantendo durante décadas um ótimo salário ou rendimentos graúdos em suas empresas. Mas, ao chegar em certa idade, não possuírem fontes de renda suficientes para desacelerar ou realizar outros projetos de seu desejo.
De que forma, então, conseguimos obter a segurança financeira necessária para a fase de vida onde necessitamos ou desejamos diminuir o ritmo de trabalho ou empreender outros planos?
Essa fase é chamada de liberdade financeira, ou seja, o estado de vida pessoal em que o indivíduo possui uma renda passiva capaz de suprir o padrão de vida almejado. E, classificamos como renda passiva aquele rendimento que não depende da nossa atuação direta para ser auferido.
Uma pista para a resposta de nossa pergunta está no que fez o zelador e frentista americano (contamos sua história neste artigo) Ronald Read. Com disciplina e regularidade, Read investiu todos os meses parte de seu pequeno salário durante boa parte de sua vida e foi recompensado por isso – para surpresa de seus amigos e parentes, deixou uma herança de cerca de 8 milhões de dólares.
Podemos perceber que poupar é um fator que não pode ser desconsiderado no processo de construção de patrimônio. E, em investimentos financeiros, quando nos valemos dos juros compostos a nosso favor, o valor aportado é o único coeficiente da equação que possuímos o controle de fato. Ou seja, temos poder somente do quanto poupar e em que frequência investir, enquanto que retorno de mercado e tempo são dados – tenha sempre em mente a fórmula de juros compostos.
Dito isto, o próximo passo é dimensionar o valor de renda que necessitaremos no futuro e calcular o esforço (aportes) necessários para alcançá-lo. Para tanto, levamos em consideração fatores como:
- Orçamento atual e estimado
- Patrimônio atual
- Segurança financeira (empregabilidade e dependentes)
- Capital necessário para gerar renda na aposentadoria
- Retorno real esperado da carteira de ativos
- Sobrevida
- Objetivos de sucessão
Em essência, é isto que chamamos de Goal Based Investing (investimentos baseados em objetivos).
Desta forma, o sucesso não deve ser medido apenas pelo retorno dos investimentos, e sim pela capacidade do investidor em alcançar seus objetivos financeiros ou pessoais com mais eficiência.
Ou seja, maximizar o retorno não deve ser um fim em si mesmo, mas sim, um meio para se atingir determinado objetivo – em nosso caso, a independência financeira.
Guilherme Lages é economista, especialista em Finanças, Investimentos e Banking (PUC-RS) e tem MBA em Gestão Financeira pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje, atua como assessor de investimentos, trazendo segurança patrimonial para famílias através de um trabalho especializado no planejamento financeiro e diversificação global dos investimentos.