Bolsa brasileira volátil, a volta das altas na Selic, oscilação do dólar. Esses foram alguns dos destaques da economia e do mercado financeiro em 2021.
O avanço da vacinação contra a Covid-19 no país pareceu trazer o vislumbre de um ano mais positivo que o anterior, o que não se concretizou, de fato, com a diminuição do poder de compra do brasileiro, desemprego e a fuga de investimento estrangeiro.
Com a retomada econômica global, também vimos um cenário de inflação generalizada e, no caso dos EUA, o início da redução de estímulos monetários (também conhecido como tapering).
A seguir, confira um resumo dos principais atores econômicos brasileiros em 2021:
Bolsa de valores

O ano iniciou com a Bolsa de Valores brasileira batendo recorde. No dia 7 de janeiro, o Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, encerrou o dia em 122.385 pontos, seguindo em alta até o dia seguinte, quando o índice chegou a 125.077 pontos no fechamento.
Mas o otimismo não durou mais que dois trimestres. Apesar do avanço da vacinação, reabertura da economia e outro recorde em junho (130 mil pontos), a partir de setembro, o desempenho da bolsa brasileira começou a deteriorar. No dia 23 de dezembro, o indicador fechou na casa dos 104 mil pontos, uma variação de -12,3% em comparação com a mesma data de 2020.
De acordo com um índice feito pela agência Austin Rating que avalia 78 países e foi divulgado no início de dezembro, considerando o real brasileiro, entre dezembro de 2020 e novembro de 2021, o Ibovespa recuou 14,4%. E a performance só não foi pior que o índice IBC, da Venezuela, que caiu 99,5% no mesmo período.
Já em relação aos ativos que mais valorizaram no ano, um levantamento realizado pela ferramenta Economatica, a pedido do CNN Brasil Business, mostrou que o top 3 destaques do período foi: Braskem (BRKM5) com +182,48%; Embraer (EMBR3) +129,38%; e JBS (JBSS3) +59,36%.
Inflação e juros

Dois indicadores que andam juntos, a inflação e a taxa básica de juros foram protagonistas na mídia e no bolso do brasileiro durante 2021.
Depois de um ano de restrição das atividades do comércio e serviços, a liberação de mais de R$ 300 bilhões de auxílio emergencial e a instabilidade política, o valor do real despencou e a conta começou a ser cobrada com a alta da inflação.
Os brasileiros viram tudo ficar mais caro no último ano, desde alimentação a transporte, e as contas cada vez mais difíceis de fechar. Nos últimos doze meses, a inflação no país seguiu em ritmo de ascensão, saindo de 4,52% em dezembro de 2020 para 10,74% em novembro de 2021.

Para tentar frear o ritmo, uma das estratégias do Copom foi aumentar a taxa básica de juros, a Selic, já que com taxas mais altas, menos dinheiro circula e, como consequência, o consumo diminui, fazendo com que os preços abaixem ou se estabilizem.
Sendo assim, o indicador saiu de 2,0% a.a, em janeiro, para terminar o ano em 9,25% a.a, um movimento de alta que não era visto desde 2015.
Investimentos no exterior

Mesmo com a valorização do dólar, atualmente na casa dos US$ 5,60, a busca por diversificação geográfica de investimentos financeiros esteve em alta em 2021. Segundo o Banco Central, o total de investimentos no exterior somou US$ 61,6 bilhões de janeiro a agosto, alta de 44% em relação ao fim de 2020.
A corretora Avenue, que permite que brasileiros invistam na bolsa americana, por exemplo, bateu recorde de novas contas e possui 400 mil clientes atualmente.
Outra modalidade de ativo que facilitou a entrada no mercado estrangeiro e ficou mais popular este ano foram os BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Eles são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas com sede no exterior, e já contabilizam 266 mil investidores pessoa física.
O ano do Pix

O método de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central (BC) e lançado em novembro de 2020 começou tímido mas ganhou fôlego em 2021. Nos últimos doze meses, o valor movimentado pelo Pix no Brasil teve aumento de mais de 400%.
Em dezembro do ano passado, foram R$ 121,3 milhões transferidos instantaneamente. Um ano depois, em novembro de 2021, o montante registrado pelo BC já era de R$ 623,3 milhões.

A modalidade, em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia e sem taxas, ganhou diversas atualizações durante o ano, como o Pix saque, Pix troco e a possibilidade de devolução em caso de suspeita de fraude ou falha operacional, por exemplo.
Mas com a praticidade criada pelo mecanismo, também houve espaço para criminosos aplicarem novos golpes, como os que são enviados por SMS, se passando por bancos.
Também foi uma medida adotada pelo BC a limitação de valor para o horário noturno com objetivo de evitar fraudes, golpes e crimes violentos, como sequestro relâmpago.
Para 2022, a previsão é que hajam novas atualizações, como o débito automático via Pix.
Open Banking

Lançado no início do ano, o Open Banking, sistema de compartilhamento de dados financeiros supervisionado pelo Banco Central, começou a chegar de fato à população somente em agosto.
De acordo com a instituição, nos primeiros 4 meses de funcionamento, o Open Banking registrou “em torno de 1 milhão de consentimentos para compartilhamento de dados”.
Dividido em várias fases de implementação, a novidade entrou na última etapa no dia 15 de dezembro com o compartilhamento de informações sobre investimentos, serviços relacionados a câmbio, credenciamento, seguros e previdência.
O sistema funciona com o compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio de APIs (Application Programming Interfaces) por parte de instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.
No caso de dados de clientes (pessoa física ou jurídica) é o cliente que decidirá quando e com quem ele deseja compartilhá-los no escopo do Open Banking, desde que seja com finalidades específicas e prazos determinados.
Assim, é possível que o cliente do banco A, por exemplo, tenha acesso a ofertas de crédito e serviços mais atrativos do banco B, aumentando a competição para melhorar os serviços ao consumidor.