Bezzos, Jobs, Gates, entre outros empresários viram o futuro quando, no pós internet, ali no início da década de 90, começaram a utilizar essas relações comerciais em escala. E hoje, as empresas de tecnologia como Amazon e Apple brigam pela hegemonia dos rankings das empresas de tecnologia do mercado de ações dos EUA.
Isso resultou numa valorização dos profissionais de Tecnologia da Informação, porque existe, realmente, a demanda em prestar o serviço em escala global.
Segundo um levantamento encomendado pela Cisco à IDC, haverá no país uma carência de profissionais, e o número de vagas deve ser da ordem de 329 mil para os próximos anos. Essa demanda deve se concentrar em segmentos emergentes, caso do Business Intelligence, Big Data e inteligência artificial.
Para Dr. Francisco Rosário, professor da Universidade Federal de Alagoas, o mercado dos profissionais de TI funciona um pouco diferente do mercado de carteira assinada. Para ele, a grande maioria trabalha como freelancer e possui a capacidade de pressionar sobre questões salariais como forma de poder.
Ao mesmo tempo, as empresas precisam dos profissionais de tecnologia para gerar insights através de uma imensidão de dados que elas possuem. Por exemplo, entender a composição do preço futuro é primordial em diferentes empresas varejistas e através de profissionais de dados é possível converter uma série de dados que até então não teriam significado, que não seriam utilizados, em alguns insights e valor para os clientes.
E claro, uma relação linear pode ser estabelecida no âmbito da competividade e, é obvio, isso estabelece diferentes relações de poder entre as empresas que competem por esses profissionais. Podemos dizer que “empresas que possuem setores mais estruturados em relação à tecnologia e insights gerados a partir de dados, possuem uma tendência a serem mais competitivas pois conseguiram enveredar por soluções de problemas e geração de valor ao consumidor”. Mas como podemos aprofundar nos meandros das relações de poder entre as empresas de tecnologia?
Trago aqui uma reflexão baseada em Michel Paul Foucault, que nasceu em Poitiers, França, no dia 15 de outubro de 1926, e logo tornou-se um dos maiores pensadores do pós-modernismo.
Foucault compreende o poder não como um objeto natural, genuíno a priori, mas uma prática social expressa por um conjunto de relações entre pessoas. Temos que pensar o poder não como uma “coisa” que uns tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o filho, o marido e a mulher, o chefe e o empregado etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os duetos: o filho que negocia com o pai, a mulher que reivindica algo ao marido, o professor que solicita algo ao aluno etc.
Foucault acredita que as relações de poder estão no micro gerenciamento e não no macro, em alusão ao Estado e sua força de poder (leia-se Estado como instituição). Para ele é um emaranhado de relações que ninguém consegue escapar.
Penso como Foucault: não é apenas a imponência econômica dessas empresas (Instituições/Estado) que as fazem grandes e atrativas no cenário de competição pelo exíguo recurso humano de TI, mas a capacidade de se tornar atrativo/a no micro gerenciamento do negócio e, acima de tudo, o cultivo da capacidade empreendedora do indivíduo dentro da organização.
E aquela relação linear de poder que trouxera em complemento à teoria de Foucault, aquele que disse que quanto maior seu quadro de profissionais que geram insights, maior a probabilidade de gerar mais valor para a organização e seus clientes, essa eu deixo só em complemento. Fiquemo-nos com o pensamento de Foucault, é claro (Risos).
Empresas são formadas por pessoas e pessoas sempre desejam crescer em sua organização.
Dheiver Santos é professor, Pesquisador e Empreendedor. Cientista de Dados Sênior no Grupo Boticário/GAVB, Mentor de Negócios no Founder Institute Brazil, Pesquisador na Rede BRIDGE, Consultor Empresarial, Prof. Doutor Estácio de Sá – Alagoas ensinando cadeiras na área de tecnologia da Informação (Sistemas operacionais). Possui Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Possui mais de duzentas produções científicas na base Lattes e mais de 15 anos de experiência de mercado.