Como a alta no preço do barril de petróleo afeta o seu bolso

(Design: Micaelle Morais)

Na última segunda-feira (18), o preço do barril de petróleo chegou a casa dos US$ 86,00.

O que está acontecendo?

Com a retomada da economia e a disparada nos preços do gás e carvão, a oferta de petróleo está há semanas sob previsão de déficit, tendo em vista o crescimento da demanda mundial nos últimos meses.

Como consequência, o preço do barril de petróleo vem batendo recorde de alta há meses. Na última segunda-feira (18), o item alcançou o valor mais alto dos últimos anos: o petróleo do tipo brent passou os US$ 86 por barril, o maior desde outubro de 2018. Enquanto isso, o preço do tipo WTI passou de US$ 83, maior alta desde outubro de 2014.

Para o economista Pedro Neves, é importante lembrar que mais do que combustível, o petróleo também é utilizado para a produção de outros materiais utilizados em larga escala na sociedade, como o plástico e a resina.

“Somado a isso, a gente tem uma oferta limitada na produção de petróleo, em que há uma concentração da produção em alguns poucos países e aí essa menor oferta e uma maior demanda a gente deve ter preços maiores, preços inclusive em cadeia”, alerta Pedro.

(Foto: Grant Durr/Unsplash)
(Foto: Grant Durr/Unsplash)

O aumento dos preços em cadeia acontece quando, por exemplo, em razão do aumento do custo da produção industrial, a construção civil — que depende da indústria — se torna mais cara. Sucessivamente, há uma elevação no preço do setor de serviços, posteriormente no comércio, atingindo todos os componentes da economia.

Como essa alta afeta os consumidores?

Uma vez que o petróleo pode afetar totalmente a economia, os consumidores finais sofrem o impacto do aumento causado em cada um dos setores anteriores. Além disso, no Brasil, o principal meio de distribuição dos produtos e bens comerciais se dá pelas rodovias, o que torna esse efeito de custo ainda maior.

“E isso afeta diretamente o bolso do consumidor da forma mais ampla possível, porque basicamente todos os produtos comercializados tèm uma dependência dos combustíveis dessa base energética que é o petróleo”, enfatiza Pedro.

Considerando esses fatores, o economista explica que o país pode vivenciar um período de estagflação, que ocorre quando há um baixo crescimento ou recessão econômica somado à inflação. “É um processo inflacionário que estaciona o crescimento econômico porque as empresas passam por dificuldades aumentando seus custos”, detalha.

Em que esse cenário pode resultar?

A combinação da alta demanda do petróleo com o alto custo de extração e baixa oferta — ainda limitada a aspectos ambientais e geográficos de produção — resultam em uma perigosa ameaça de crise energética.

Mais do que isso, o petróleo não é uma fonte de energia renovável, o que significa que sua exploração exponencial pode sim resultar na escassez completa do material fóssil. Completando a questão ambiental, os derivados de petróleo são altamente degradantes para o meio ambiente e à vida no planeta.

“É como se a gente tivesse que pagar mais por algo que faz um dano maior ao meio ambiente e também é escasso”, ressalta Pedro.

Para o economista, por mais que a população seja a favor de incentivos do governo para baratear o custo dos derivados do petróleo, é importante lembrar que esse tipo de política acaba por incentivar o consumo de um material prejudicial para o meio ambiente.

Qual deve ser o futuro do petróleo?

Tendo em vista esse cenário, o economista acredita que, em um horizonte acima de 10 anos, pode haver uma transição da hegemonia da matriz energética baseada no petróleo para outras fontes de energias renováveis.

Contudo, essa não deve ser uma mudança brusca, já que depende do avanço tecnológico e da acessibilidade a esses recursos.

“A gente tem uma tendência de substituição dessa matriz energética, saindo do petróleo, que é altamente poluente, para utilizar veículos elétricos, por exemplo, e outros itens de energia solar e eólica”, defende Pedro.


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Estagiária de jornalismo

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