Acessar empresas da economia global, como Apple e Amazon, já é realidade para investidor comum.
A montanha-russa que virou a economia brasileira nos últimos anos, junto com a baixa taxa de juros, mudou completamente o cenário de investimentos no país, e tornou os ativos no exterior cada vez mais atrativos.
Para muitos, a modalidade ainda é malvista pelos possíveis riscos, mas, na verdade, pode ser uma opção segura para quem quer diversificar os investimentos em uma moeda mais forte que o real. E está cada vez mais acessível ao investidor comum.
Desde outubro de 2020, os BDRs (certificados que representam ações no exterior) foram liberados para investidores em geral, permitindo que qualquer pessoa compre ações de empresas internacionais. Até então, os papeis eram exclusivos para investidores qualificados – que possuíssem mais de R$ 1 milhão investidos – ou investidores profissionais.
Para o assessor de investimentos internacionais, Arthur Stuart, esse é um dos movimentos que vêm desmistificando a ideia de que investir no exterior seja algo mais arriscado do que investir no Brasil.
“Devido às manchetes sobre escândalos de sonegação fiscal, de fuga de capital para paraísos fiscais ou lavagem de dinheiro, essa modalidade ainda sofre de um estigma injusto, de como se investir no exterior fosse algo ruim. Os fatos demonstram que, a depender da estratégia aplicada, a diversificação geográfica global dos investimentos pode ser primordial para ganhar mais dinheiro correndo menos riscos”, explica o assessor.
Stuart explica que, assim como no Brasil, os investimentos no exterior também apresentam diferentes classes de ativos, e os grandes diferenciais estão na variedade e no tipo de moeda do investimento: geralmente, o dólar.
Por que investir fora do Brasil
Se todo o seu patrimônio está investido em ativos brasileiros, o assessor faz um alerta: é importante alocar parte dos recursos no exterior devido ao chamado “risco Brasil”, que pode impactar todo o portfólio do investidor, independentemente de estar diversificado em classes de ativos diferentes no país.
“Quando se investe no exterior, muito provavelmente o investidor estará ‘dolarizando’ parte do seu patrimônio, expondo-o à variação cambial, além da valorização do próprio investimento. Ou seja, se você compra ações da Microsoft, você deverá levar em consideração não somente quanto essa ação valorizou, mas também o desempenho do dólar no mesmo período”, salienta Stuart.

Ainda de acordo com o assessor, a pandemia criou um senso de alerta aos investidores sobre o risco de ter seu capital 100% aplicado em ativos no Brasil, principalmente com a alta do dólar nesse período.
O estudante Igor Freitas, de 22 anos, resolveu fazer investimentos no exterior depois de quase um ano investindo no Brasil. Segundo ele, uma das vantagens que o atraiu foi a maior possibilidade de diversificação da carteira, além da exposição a um mercado menos instável.
“Eu invisto na Bolsa do Brasil desde abril de 2020, e à medida que fui crescendo meu patrimônio, vi a importância de ter investimentos em outras moedas para me ‘salvar’ da desvalorização do real”, comenta o estudante, que possui ações de empresas americanas, como Disney, Google e Tesla, além de um fundo ETF – tipo de investimento que reúne várias ações de empresas de médio porte em um só papel.
Freitas explica que sempre foi controlado com o próprio dinheiro, e quando começou a trabalhar, teve como prioridade os investimentos. “Hoje em dia, invisto com dois objetivos: guardar para aposentadoria e juntar para fazer uma pós-graduação fora do país”, completa.
Riscos x vantagens
Para investir no exterior com segurança, o assessor Arthur Stuart recomenda utilizar instituições sólidas e que respeitem os mais altos padrões regulatórios do mercado.
Quanto aos riscos, o assessor explica que, além da variação cambial, tudo vai depender de qual classe de ativo será investido no exterior, assim como acontece no Brasil.
“Se você está comprando ações de empresas americanas, ou seja, investindo em renda variável no exterior, deve-se atentar aos riscos usuais desse tipo de investimento, que diz respeito à classe de ativo como um todo e não necessariamente se é uma empresa americana ou brasileira”.
Já sobre os benefícios, o assessor cita a própria exposição do capital a uma moeda estrangeira, e vê a diversificação cambial como uma forma de proteger o patrimônio a longo prazo.
Além disso, outra vantagem em fazer investimentos internacionais é poder acessar as principais empresas do mundo, que negociam suas ações nas bolsas estrangeiras, como Apple, Amazon e outras gigantes.
“Mesmo sendo a maior bolsa de valores na América Latina, a B3 não se encontra entre as 10 principais bolsas do mundo, principalmente no volume de transações no ano, ou seja, o quanto de dinheiro circula nesse mercado. Se o investidor se restringe somente aos ativos negociados na B3, está deixando de fora de seu portfólio oportunidades de investimento que são somente negociadas fora do Brasil”, destaca.
Como começar a investir
Para quem deseja fazer investimentos internacionais e já possui um grande patrimônio acumulado, o assessor recomenda procurar um especialista na área, para que seja elaborado um plano de investimento que atenda às necessidades patrimoniais específicas do investidor.
Já para quem está iniciando, Stuart aconselha:
“É importante frisar que, como qualquer investimento, os investidores devem entender as características principais de cada modalidade, para, assim, alinhar suas expectativas sobre possíveis retornos ou perdas, e sobre a liquidez (capacidade de conversão desse investimento em dinheiro)”, finaliza.