Discutir com amigos sobre restaurantes que frequentamos é algo que passou a fazer parte, cada vez mais, da nossa rotina.
Nos últimos anos, com a chegada dos reality shows que popularizaram a crítica gastronômica, frequentemente nos sentimos um daqueles jurados famosos endeusando nossos lugares preferidos, além de detonar aqueles aos quais não desejamos voltar.
Tais discussões normalmente começam antes mesmo do primeiro prato chegar à mesa — falo do momento em que estamos escolhendo o local para ir ou pedir via delivery. É nesse momento que se inicia a experiência oferecida pelo estabelecimento.
A experiência do usuário, termo normalmente abreviado como UX em startups de tecnologia, é sem dúvidas um dos pontos que mais me chama atenção no segmento gastronômico — pela falta de atenção dedicada a ele.
Para que fique claro, o profissional de UX é aquele responsável pela usabilidade de um produto ou serviço. É esse cara que normalmente coordena design, apresentação e, de fato, pensa na satisfação do cliente ao utilizar a plataforma.
Gosto de fazer a correlação com aplicativos e sites porque é algo a que estamos expostos diariamente. Já viram as avaliações dos apps que não possuem um design legal ou a utilização nada intuitiva? Também serve para o mercado gastronômico!

Vou descrever a ocasião que inspirou este texto. Na última semana, estive com quatro amigos num restaurante que se intitula como cantina e pizzaria. Lembre disso – essa descrição está presente na marca e é amplamente utilizada nas redes sociais do local.
No dia seguinte levantamos a discussão, dois dos que estavam conosco haviam DETESTADO o lugar. Fiquei surpreso, porque eu e os demais havíamos nos divertido MUITO. Depois de conversarmos por alguns minutos, entendi o ponto daqueles que não curtiram o local.
Explico: embora não haja uma definição clara para o termo cantina, ele está normalmente associado a um local com pratos típicos italianos e até mesmo alguma caracterização dos funcionários.
Citei que é difícil definir o termo porque foi isso que desencadeou toda a crítica: a expectativa dos que não gostaram era usufruir de uma ambiência semelhante com a que citei anteriormente, e isso passou bem longe da nossa noite.
A decoração do restaurante era semi-industrial, as marcas que utilizava em seu cardápio (prova que não eram receitas tão artesanais assim) estavam visíveis e o serviço não era dos melhores – as garçonetes que nos atenderam não pareciam conhecer bem o menu, os pratos tinham algumas características nada tradicionais e a temperatura servida estava longe do ideal.
Vejam que o problema aqui não é apenas a QUALIDADE da experiência ofertada e sim a FIDELIDADE à forma com a qual é apresentada! O alinhamento entre expectativa e entrega é fundamental para que não haja frustração — sensação a ser evitada.
Se eu pudesse listar pontos que julgo como importantes na hora de apresentar a identidade de um restaurante, colocaria os três primeiros assim:
— Posicionamento da marca: É bom se atentar à proposta que a marca apresenta, identifique se não há discrepâncias no que é ofertado (boas pizzarias normalmente não vendem feijoada, por exemplo) e analise bem a linguagem utilizada pela marca nas redes sociais.
— Ambiente: Aqui você vai identificar se aquele restaurante atende à expectativa criada. Quando procuramos um local para um jantar romântico, com luz amena, poltronas confortáveis, serviço de primeira e comida delicada, dificilmente vamos encontrar essas características numa casa que se propõe a servir hambúrgueres cheios de carne, queijo e maionese artesanal (por sinal, a minha preferida é a verde).
— Redes sociais: Por mais que pareça óbvio, uma breve olhada nas páginas do restaurante pode falar bastante sobre ele. Atente-se à linguagem utilizada e o tipo de conteúdo apresentado. Mas atenção: muitas casas tradicionais não possuem presença digital, ou o fazem de forma amadora. Não as julgue por isso, também há charme na fuga à tecnologia.

Lembre-se que essas não são regras impostas pela Associação Gunther Duarte de Parâmetros Mundiais para Negócios Gastronômicos (risos), minha intenção aqui foi apresentar uma lista pessoal de itens que me ajudam na hora de tomar decisões – tanto como cliente quanto como empresário.
Já que relatei uma recente experiência negativa, faço questão de apresentar a vocês um dos restaurantes mais legais sobre os quais já li. INFELIZMENTE, não tive a oportunidade de conhecer, mas pretendo visitá-lo numa próxima viagem.
Falo do Vassoura Quebrada, restaurante com temática de bruxos e fantasia – tem a decoração que te transporta diretamente para um mundo mágico, pratos que aparecem nos filmes de Harry Potter e funcionários totalmente caracterizados.
A casa ficou tão famosa em todo Brasil que para conseguir uma reserva você precisa ficar MUITO atento às vagas – elas se esgotam em SEGUNDOS após abertura das vendas.

Leitor, espero que eu tenha conseguido plantar uma semente da minha insana paixão por restaurantes no seu coração. A partir de agora você vai escolher restaurantes que estejam alinhados às suas expectativas e nunca mais vai se decepcionar (mais risos).
Peço que deixem um comentário abaixo com o feedback sobre o texto. Quero muito trocar ideias com todos vocês sobre esse assunto que tanto me fascina, além de aprender com as diferentes visões. Até outubro!